quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Portugal, um país descontraidamente preocupado!

Todos os dias, recebemos em nossa casa 1001 notícias sobre a crise, analisadas por comentadores dotados de uma capacidade rara de adivinhação ou de simples constatação de factos que todos nós conhecemos, mas que eles pensam ser as únicas almas devidamente creditadas para o fazerem. Chegamos ao cúmulo de ter ex-governantes deste nosso país, a fazerem reflexões exuberantes, apontando todos os problemas e revelando de forma orgulhosa, quais as soluções para tudo, sim eles acham-se os salvadores da pátria. Vocês podem perguntar-se: O que tem isso de mal? Eu respondo: o mal é que a maior parte destes comentadores foram, no passado, os principais responsáveis pelo Estado actual do país. Ainda mais, foram aqueles que conseguiram ficar milionários com a actividade “humilde” e ao serviço da população, a que se costuma chamar política.
Quem são os culpados? Os culpados são aqueles que dão valor a estas opiniões, que poderiam ser dadas por cada um de nós, mas claro receberíamos menos de cachê, ou até nada! A comunicação social apenas deseja noticias negativas, estas permitem que se evite o muito trabalhoso e dispendioso trabalho de investigação.
Evidentemente que é muito mais fácil reunir num estúdio uns tantos senhores “engravatados”, que respondem a perguntas disparadas pelos jornalistas e ao mesmo tempo fazem propaganda à sua cor partidária. Mais, dependendo do conteúdo, estes comentários passam a notícias nos nossos telejornais e repetem-se incessantemente até causarem em nós, um sentimento de desinteresse e de descrédito em relação aos órgãos de comunicação. Todos conseguem chegar à conclusão que é necessário poupar. Boa, é isso mesmo, a poupança é essencial, mas eles saberão o que é preciso fazer para se poupar com ordenados mínimos ou eles próprios se vêm “à rasca” para pouparem os míseros milhares de euros que recebem por cada intervenção nas televisões, rádios ou jornais? Falam de realidades que não conhecem, e não são apenas os comentadores, são também os políticos, os sindicalistas, os patrões e também muitos outros cidadãos comuns que se exaltam com cortes nos seus salários volumosos, em subsídios, nisto e naquilo! Vemos pessoas a queixarem-se nos telejornais que não podem comprar casa, carro, ir de férias para o estrangeiro e muitas outras coisas e o mais engraçado é que os jornalistas rotulam-nos de “famílias em dificuldade”...Dificuldade? Porque é que toda a gente acha que é obrigatório terem casa própria, mais do que um carro, ir de férias 3 vezes por ano, etc. Se isto falta já são famílias em dificuldade. O que devemos chamar então às famílias que não têm dinheiro para comprarem alimentos e para pagarem a água e a electricidade? Estas sim, são as famílias que têm razão para se queixarem, que sofrem na pele a crise que todos falam, mas que pouco conhecem verdadeiramente e por estranho que pareça, ou não, são estas as vozes que nunca se conseguem fazer ouvir!
Fala-se hoje muito em revolução para mudar este estado de coisas, usando-se a palavra como se de algo simples e rotineiro se tratasse. Revolução sim é necessária, mas uma revolução de mentalidades já defendida por Fernando Pessoa, mas essa revolução terá de ser feita por todos para que seja possível dar voz a quem nunca a teve e não uma revolução utilizada como caminho para atingir uns e beneficiar outros, pois mais tarde ou mais cedo acaba por nos levar novamente ao que hoje estamos a atravessar!

Beijos e abraços!